domingo, 28 de março de 2010

O Breviário de Nicolau Flamel [Prefácio]


O presente tratado foi traduzido para Português por H. Agiatrias e transcrito por Rubellus Petrinus.


BREVIÁRIO
ou
TESTAMENTO

Nicolau Flamel

Que seja feito em nome de Deus, Amén. O primeiro passo na Sabedoria é o temor a Deus.

PREFÁCIO. TEORIA

Eu Nicolau Flamel, Escrivão de Paris, neste ano de 1414, do reinado do nosso bendito príncipe Carlos VI, que Deus abençoou, e após a morte da minha fiel companheira Perrenelle, recordando-me dela, me tomei de fantasia e de satisfação para escrever em teu favor, caro sobrinho, toda a maestria do segredo do Pó de Projecção ou Tintura Filosofal, que aprouve a Deus dispensar a seu insignificante servidor, que eu fiz como tu farás se procederes como te direi. Segue, portanto, com engenho e entendimento os discursos dos Filósofos acerca do segredo, mas não tomes os seus escritos à letra, porque ainda que possam ser entendidos segundo a Natureza, não te seriam úteis. Por isso, não te esqueças de rogar a Deus que te dispense entendimento de razão, de verdade e natureza, para que vejas neste livro, em que está escrito o segredo palavra a palavra e página a página, como fiz e trabalhei com a tua querida tia Perrenelle, que recordo tão intensamente. Assim, coloquei a mestria neste livro, a fim de que não te esqueças do grande bem que Deus te concede e para que te favoreça. Isto para que não deixes, em sua lembrança, de lhe cantar e salmodiar teus louvores. E nada pode ser mais adequado para celebrar tão bom acontecimento do que cânticos exaltados. Assim, escrevi este livro pela minha própria mão, e que havia destinado à igreja Saint-Jacques, estando na dita paróquia, depois de encontrar o livro do Judeu Abraham, não quis vender este por dinheiro e guardei-o com muito cuidado para nele escrever o dito segredo da alquimia em letras e caracteres da minha imaginação, de que te dou a chave. Cuida, pois, de o manter secreto e não te esqueças nunca de, em silêncio, te recordares de mim, quando eu estiver no sudário, relembrando que, agora, te preparei tal documento, a fim de que te faças um grande mestre da alquimia filosofal, pois contribuí para meu prazer, desejo, consolo e fantasia conceder-te tal segredo.

Deste modo, faz como eu próprio fiz e faço ainda agora, sendo de avançada e decrépita idade e tudo em honra e mestria da alquimia, pela via da natureza.

* * *

Nicolas Flamel (ou Nicolau) nasceu em Pontoise, França, 1330 e parece ter desencarnado em 1418, teria sido considerado um dos maiores alquimistas da história, embora muitos não saibam, claramente, o que isso significa. Casou-se com Dame Perrenele Flamel.

Segundo a "lenda", teria ele "fabricado" a famosa "pedra filosofal" (que não tem nada a ver com a história do Harry James Potter, ficção, logicamente, tem a tal licença poética para contar o que bem se queira, Harry Potter and the Philosopher's Stone, primeiro livro da série, escrito por J. K. Rowling, no qual cita Flamel, inclusive, porém seu aspecto apenas hitórico, mais conhecido e muitas vezes equivocado, como tantos outros já o fizeram, o filme, 2001, assim como o livro, 1997, em particular, fez grande sucesso, mas não o suficiente para estimular pesquisas mais profundas sobre o lendário personagem medieval, Dr. Nicolas Flamel).

Nicolau “fabricou”, segundo a “lenda”, também, o “elixir da longa vida”, bem como teria realizado a “transmutação" (simbolicamente, transformar Metais "pesados", não nobres, em Ouro), tudo isso por meio de um livro misterioso.

O documento original, no qual o prefácio acima consta de sua primeira parte, teria sido escrito de próprio punho por Nicholas Flamel em um alfabeto codificado e criptografado que consistia em 96 letras. Um escrivão, parisiense, chamado Father Pernetti o copiou e um senhor de Saint Marc pôde finalmente quebrar tal código em 1758.

Flamel teria falecido em 22 de março de 1418, com mais de 80 anos, e sua casa parece ter sido "saqueada" por caçadores de tesouros e gente ávida por encontrar a "pedra filosofal" ou receitas para sua preparação (pode ser que tudo isso tenha ocorrido de verdade, mas tem seu lado simbólico, saquear os tesouros não é algo novo na história, mas o mais importante é que esotericamente isso tem um significado mais profundo). A "lenda" conta que, na realidade, ambos, Flamel e Perrenelle, não teriam morrido verdadeiramente, e que em suas tumbas foram encontradas apenas suas roupas em lugar de seus corpos, eles teriam vivido graças ao "elixir da longa vida", ao qual, Flamel teria "fabricado" [ainda voltaremos a estas questões, futuramente].

domingo, 21 de março de 2010

As Lâmpadas Eternas


Em sua obra “Isis Sem Véus”, Helena Petrovna Blavatsky (Mestre H. P. B.), fala sobre essas lâmpadas perpétuas, ela dá seu testemunho e atesta que por volta de 173 autores já trataram deste assunto antes, entre eles: Clemente de Alexandria; Apiano; Plínio; Buratino; Gesner; Maturâncio; Paracelso; Alberto, o Magno; Citesius; entre outros.


"Deixando de lado exageros e prescindindo da gratuita negação da ciência moderna sobre a possibilidade destas lâmpadas, cabe perguntar se no caso de se haverem conhecido na época dos ‘milagres’, se devem distinguir entre as acesas ante os altares cristãos e as que ardiam diante das imagens de Júpiter, Minerva e outras divindades pagãs.
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Segundo alguns teólogos. as lâmpadas dos altares cristãos tinham virtude milagrosamente divina, ao passo que as pagãs deviam sua luz aos artifícios do diabo, e nesses dois grupos se classificavam as lâmpadas, conforme dizem Kircher e Liceto. A de Antioquia, que durante 1 500 anos ardeu ao ar livre na praça pública, sobre a porta de uma igreja, mantinha-se, no dizer dos teólogos, pelo poder de Deus que havia dado perpétua luz a tão infinito número de estrelas, enquanto que as lâmpadas pagãs, segundo assegura Santo Agostinho, eram obra do demônio, que trata de enganar o homem por diversos meios.

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Como se nada fosse mais fácil para satanás do que deslumbrar com um relâmpago de luz ou uma brilhante chama àqueles que entram pela primeira vez numa cripta sepulcral.

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Luís Vives refuta a opinião de Santo Agostinho quanto aos artifícios do diabo e demonstra, em seus comentários à Cidade de Deus, que as operações mágicas, por estupendas e prodigiosas que pareçam, são resultado da indústria humana e do profundo estudo dos segredos da natureza".


BLAVATSKY, Isis Sem Véus,

publicado em 1877.


Em Roma, certa vez, abriram-se uma tumba e encontraram uma lâmpada acesa, incrivelmente, isso se tornou um enigma a ser desvendado. Acredita-se que aquele fogo teria durado mais ou menos 1.600 anos. Dizem que Moisés teria fabricado uma lâmpada eterna, para o Tabernáculo. No Egito, parece que os sacerdotes mantinham o segredo da fabricação delas. Nos subterrâneos de Menfis, a Cidade das Pirâmides, Egito, e nas construções e templos do Tibet, elas também foram encontradas, nem uma, nem duas, mas inúmeras delas.


Atualmente, o Museu de Leiden, Holanda, parece possuir duas destas lâmpadas, que permaneceram acesas por pelo menos dois séculos.


Na metade do Séc. XV, durante o pontificado de Paulo III (1534-1549), ao abrirem uma tumba, na via Ápia, encontraram-se o cadáver de uma linda jovem, totalmente intacto, que jazia mergulhado num líquido transparente, aparentemente de composição desconhecida, que havia sido preservado ao ponto de parecer apenas um corpo adormecido. Aos seus pés ardia uma lâmpada que se apagou, logo após a abertura do sepulcro. Ao ler-se a inscrição, constatou-se que se tratava de Túlia, filha de Cícero, morta há 1.600 anos. A descrição desse episódio se encontra na obra de Erasmo Francisco, que se baseou em Flomero, Pancirolo e outros.


Parece ser bem comum encontrar tais lâmpadas sepulcrais, nos templos romanos, em que se mantinham acesas por muitos anos, supostamente alimentadas com a oleosidade do ouro, acreditava os romanos. Ainda hoje, muitos viajantes e escritores descrevem certas luzes ou chamas que ardem perpetuamente em túmulos hindus, japoneses e tibetanos, aparentemente, sem o abastecimento de qualquer tipo combustível.

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O missionário inglês Mater conta ter visto uma delas no templo Trevandrum, no reino de Travancore, Índia Meridional. Disse-se que no interior do templo existe um poço profundo, onde anualmente se encontram valiosos tesouros e, noutro lugar do mesmo templo, há uma gruta onde arde uma lâmpada de ouro, que teria sido acesa 120 anos antes. Tal missionário conta esse fato sem comentários, porém, alguns missionários católicos atribuem o fato a artes diabólicas. O abade Huc e outros viajantes, que fizeram amizade com os lamas, puderam examinar detidamente as ditas lâmpadas, mas pouco foi revelado


Encontramos no salmo CV (105), vers. 23 [Sal. 105:23], David refere-se ao Egito como a Terra de Ham (ou Cã, para algumas “traduções”), termo que veio dar origem às palavras alquimia e química. Assim, os egípcios atribuem-se a invenção das lâmpadas perenes, pois trabalhavam há anos com química, o que teria um certo fundamento, pois, tambem, graças à sua “crença religiosa” os fez empregar com enorme freqüência a chama eterna.

Certos cabalistas apontam a ideia de que Moisés teria aprendido este segredo dos egípcios e que a lâmpada do Tabernáculo seria perpétua, para tanto, pode-se deduzir isso através da seguinte passagem bíblica:


"Manda aos filhos de Israel que te tragam o azeite mais puro das oliveiras, tirado a almofariz, para que arda sempre a lâmpada”, Êxodo, XXVII, 20 [27:20].


Para alguns alquimistas, simbolicamente, tais lâmpadas que permanecem acesas eternamente têm outro significado.


Agora, imagine no Egito, dezenas de séculos atrás, sem eletricidade, como seria possível construir enormes pirâmides, sem que lá no subsolo, os trabalhadores não morressem por falta de oxigênio? A preparação de salas e túmulos, as inscrições nas paredes, não teria deixado nenhum tipo de vestígio, seja de fumaça ou fuligem, como pode? Qual o combustível conhecido que não produz marcas, fora a eletricidade?


Alguns cientistas céticos, certamente, negariam a existência de tais lâmpadas.


Conta-se que, Liceto, revela que tais lâmpadas se apagavam logo depois dos sepulcros serem abertos, em virtude de profanações muitas eram ignoradas, pois o interesse eram outros objetos de “maior valor”.


Acredita-se que os babilônios conheciam tais segredos, mas seus escritos foram perdidos, ou melhor, destruídos, na Biblioteca de Alexandria, queimada pelo imperador Justiniano. Daria para desconfiar de como os babilônios iluminavam seus navios à noite; era um certo fogo frio, mais brilhante do que a Lua, clareavam seus templos com essa mesma luz. Aparentemente, eles tinham alguma maneira de utilizar eletricidade, mas não como a utilizamos hoje em dia. Diz-se que suas “embarcações de terra”, eram movidas sem cavalos, eram iluminadas à noite e atingindo grandes velocidades [ver Livro de Daniel].


A ciência moderna está começando a redescobrir algumas coisas. Não só neste aspecto, mas em outros, parece que estamos devendo muito se comparar com a ciência egípcia, babilônica e outras.


Sem entrar em profundas discussões sobre as ideias alquímicas, químicas, religiosas ou pagãs, pode-se lembrar que em muitos templos (considerados sagrados), cristãos ou não, há sempre um chama no altar. Simbolicamente, parece representar a luz (oposição a trevas), a divindade, o fogo sagrado. Então, porque alguns cristãos, por falta de compreensão, tendem a dizer que tal fenômeno estaria ligado a questões diabólicas e não divinas?

domingo, 14 de março de 2010

A Verdadeira Educação Conduz à Divindade


Rafael Sanzio: Escola de Atenas (1506-1510). [detalhe]

Afresco 500 x 700 cm.



A Escola de Atenas (Scuola di Atenas no original) é uma das mais famosas pinturas do renascentista italiano Rafael e representa a Academia de Platão. A obra é um afresco em que aparecem ao centro Platão e Aristóteles. Platão segura o Timeu e aponta para o alto, sendo assim identificado com o ideal, o mundo inteligível. Aristóteles segura a Ética e tem a mão na horizontal, representando o terreste, o mundo sensível.


A educação é a verdadeira beleza do homem; É o seu abundante tesouro escondido. É o meio pelo qual o homem pode satisfazer todas as suas necessidades; Também é a fonte da sua fama e prosperidade. Ela é, realmente, o mestre dos mestres. Quando alguém está fora em uma terra estrangeira, a educação é o pai e o amigo; Ela é sua deidade suprema. Nas cortes dos reis, a educação é reverenciada, não a riqueza. Um homem sem educação é, verdadeiramente, um animal.

Sathya Sai Baba
junho de 2000

Certamente que estas palavras de Sri Sathya Sai Baba, sobre Educação, para muitos, não é novidade. Podemos considerar seus escritos como de um sábio educador (não-formal) e talvez até possam nos dizem infinitamente muito mais do que muitos livros escritos sobre esse mesmo tema, vejamos:



A palavra 'educação' é derivada da raiz 'educare'. Educação se refere a adquirir informação de fora enquanto 'educare' significa trazer para fora ou extrair o que está dentro. O homem deve trazer à tona as qualidades sagradas latentes no seu coração e colocá-las em prática. A educação mundana que vocês procuram e os trabalhos que realizam estão relacionados à cabeça. Eles estão sujeitos à mudança. Mas os valores humanos como compaixão, paciência, verdade, que se originam do coração, são imutáveis. O coração é aquilo que está repleto com compaixão. Ele é a fonte da bem-aventurança. Em vez de reconhecer suas potencialidades inatas, o homem as está procurando no mundo externo. Tudo que é visto no mundo externo não é nada mais que o reflexo do ser interno. Assim, o homem deve direcionar sua visão para dentro e experimentar bem-aventurança. Hoje o homem desperdiça todo seu tempo na aquisição de conhecimento tradicional. Sem dúvida, o conhecimento tradicional é essencial, mas deve estar baseado no princípio fundamental presente internamente. (SAI BABA, Sathya. A verdadeira educação conduz à diversidade. 2000)


Para ilustrar ou reforçar essa idéia, de uma educação mais profunda ou mais importante do que a costumeira e cotidiana que conhecemos..., precisamos ir muito além, porque a educação formal, só ela em si mesma, não basta; podemos perceber que ela não resolve os problemas do mundo, assim como investir só em segurança e deixar a educação em segundo ou terceiro plano, também é um grande erro, assim, segue uma outra insigne que deveríamos lembrar sempre...


Alguém pode ser denominado 'educado' só porque sabe ler e escrever?

A mera aquisição de diplomas de faculdade torna alguém verdadeiramente educado?

Pode ser chamado de educação aquilo que não tem nenhum valor moral e espiritual?

Se educação é só para obter um meio de vida,

Não vemos pássaros e animais vivendo sem qualquer educação?

(Poema em Télugu)


Mas não se engane ou não se iluda. É preciso enfrentar a fúria humana..., a intolerância, a inconsciência ou ignorância. Também é preciso considerar estas sábias palavras: "A Ordem sem Liberdade é Tirania. A Liberdade sem Ordem é Anarquia", seja em casa, no trabalho ou na escola temos que entender (e aprender) o que são valores, virtuosidade e o que não passa de rebeldia sem discurso ou rebeldia com discurso vazio; deveria-se buscar sabedoria ao invés de procurar ser o "rei do pedaço".

Certamente que a estupidez nos leva ao “caus social”. A sabedoria intelectual, teórica e prática, está a disposição, quem ousa e quer ser diferente deveria buscá-las. "O mundo é dos espertos", é o que se diz, mas não estariamos melhor se "o mundo fosse dos sábios"?

A própria educação formal já não é levada a sério por muitos ou não é valorizada, mas para uma grande parte da sociedade esta parece ser o fim (em si mesma), talvez seja apenas o começo ou a extenção da educação familiar. Claro que sem ela parece que não teríamos a existência humana... (a organização social e a educação andam juntas pela sobrevivência humana na Terra) Porém, tem-se que encarar os fatos - o futuro é extremamente certo - enquanto jaz a educação formal em “berço esplêndido”, nosso corpo descansa em óbito, onde os diplomas se tornam canudos amarelados e sem valor, ou (quanto menos) em apenas mais uma contribuirão ímpia para alguma biografia póstuma.

A educação formal pode ter esse sabor, de que precisamos de um papel para provar alguma coisa que somos ou que conhecemos..., o que parece ser "normal", pois quem não possui documento pode até ser considerado um fantasma (embora isso, em alguns cargos públicos, possa variar). Mas, e a "Verdadeira Educação" que "Conduz à Divindade"? Talvez deveria ser uma das nossas prioridades, realmente deveríamos abrir um espaço generoso para ela em nossa vida agitada, porque a "Educação Formal", sozinha, parece estar nos levando, hoje, ao Caos Planetário...